Zezinho é um daqueles seres que vivem neste planeta, e fazem e refazem as coisas, inventam-nas, melhoram-nas, e nós só ficamos sabendo que eles existem décadas depois…
Ele é a cria maravilhosa da verdadeira energia musical, que minimizando teorias e divagações, atingem diretamente o coração das pessoas, cultas ou não, emocionando-as e deixando a inevitável pergunta: “como ele consegue fazer isso tudo com tanta facilidade?”. Pois é, quando se nasce dessa energia, tudo é fácil de tocar!
Zezinho é da escola de bola Sete, que é cria de django Reinhardt, que é cria de … e por aí vai; estudou e dominou a difícil técnica de improviso em blocos, ou seja, cada nota da melodia é harmonizada, resultando num voicing (acorde) no qual se pensa ouvir uma orquestra de guitarras improvisada, ao mesmo tempo e em vozes diferentes.
Zezinho se tornou um mestre dessa arte em extinção (pelo menos, no Brasil) e é capaz de aplicá-la em qualquer música, com desconcertantes simplicidade e beleza.
Eu não tenho a menor dúvida de que Bola Sete, Joe Pass, Jim Hall, Django Reinhardt ou Was Montgomery considerariam Zezinho um deles; aliás, o grande guitarrista argentino naturalizado brasileiro Vitor Biglioni é fã incondicional desse juiz-forano excepcional, e sempre que lhe é possível, ocupa as primeiras mesas de seus shows.
Homem simples, ciente de seu talento, mas ainda inconsciente de sua ordem de grandeza e de sua importância para a música brasileira e para o espírito de todos nós. A sua alegria tocando sua guitarra é certamente de origem divina e nos ilumina a todos, graças a Deus!
Glaucus Linx, Produtor do álbum Zezinho da Guitar – Minhas Coisas Favoritas
